Com alta taxa de mortalidade e transmissão também por animais domésticos, especialistas pedem ações urgentes do governo japonês.
O Japão está enfrentando um aumento preocupante nos casos da febre com síndrome de trombocitopenia grave (SFTS), uma doença viral transmitida por carrapatos e que pode levar à morte. Só em 2025, já foram registrados 135 casos — número que ultrapassa o recorde anterior de 134 infecções em todo o ano retrasado. Pelo menos 10 pessoas morreram até agora.
A SFTS é causada por um vírus transmitido por picadas de carrapatos infectados. Os sintomas mais comuns são febre e diarreia, mas a doença pode evoluir para um quadro grave. A taxa de mortalidade é alta: cerca de 27%. Até o momento, não há vacina ou tratamento específico eficaz contra a doença.
A maioria dos casos ocorre em pessoas com 60 anos ou mais, especialmente aquelas que realizam atividades ao ar livre como agricultura ou caminhadas em áreas verdes. Carrapatos vivem principalmente em florestas e campos, diferente de outros parasitas como os ácaros tropicais.
Especialistas recomendam evitar exposição da pele, usar roupas compridas durante atividades externas e procurar atendimento médico imediatamente se um carrapato for encontrado no corpo — sem tentar removê-lo à força.
Inicialmente concentrada no oeste do Japão, a doença já foi detectada em 2025 também nas regiões Kanto, Tohoku e Hokkaido, no leste e norte do país. Acredita-se que a expansão dos carrapatos esteja ligada ao deslocamento de animais selvagens como veados, javalis e guaxinins, que transportam os parasitas por longas distâncias.
Além da transmissão por carrapatos, há um alerta adicional: o contato com animais de estimação infectados, especialmente cães e gatos, também pode causar infecção. O vírus pode estar presente no sangue, urina e saliva dos animais. Em maio, um veterinário de Mie morreu após contrair a doença enquanto tratava um gato doente.
Estima-se que entre 10% e 20% das infecções em humanos no Japão venham do contato com pets. Apesar de o país ter mais de 15 milhões de cães e gatos domésticos, não existe ainda um sistema governamental para monitorar infecções entre os animais.
Médicos e especialistas sugerem medidas preventivas como manter gatos dentro de casa e escovar bem os cães após passeios. Também defendem que casos da doença em animais sejam obrigatoriamente notificados por veterinários, como ocorre com doenças humanas.
Por fim, autoridades de saúde reforçam que o combate à SFTS exige estratégias que envolvam tanto a proteção das pessoas quanto o controle da saúde dos animais. Medidas como manter zonas de vegetação entre florestas e áreas residenciais podem ajudar a evitar o contato com animais silvestres e também reduzir ataques de ursos e prejuízos à agricultura.