Três em cada quatro professores no Japão trabalham aos fins de semana e levam tarefas para casa, aponta pesquisa sindical

Levantamento do Zenkyo revela sobrecarga crônica entre educadores e reacende debate sobre orçamento e estrutura da educação pública.

Uma pesquisa realizada pelo Sindicato de Professores e Funcionários do Japão (Zenkyo) revelou que três em cada quatro professores trabalham aos fins de semana, e 71% levam tarefas para casa, evidenciando uma sobrecarga crônica na rotina dos educadores japoneses.

O levantamento foi feito online entre abril e julho de 2025, com 1.200 professores de escolas fundamentais, médias e superiores em 40 prefeituras. Os dados mostram que:

Principais resultados:

  • 75% trabalham aos fins de semana
  • 59% por mais de uma hora
  • 17% por mais de quatro horas

Atividades mais comuns: supervisão de clubes escolares e preparação de aulas

  • 71% levam trabalho para casa
  • 40% dedicam até uma hora
  • 31% mais de uma hora

Tarefas mais frequentes:

  • Preparação de aulas (59%)
  • Tarefas administrativas (24%)
  • Correção de provas e atividades (21%)

Apenas 0,9% dos entrevistados disseram que não trabalham fora do horário regular, nem aos fins de semana.

Reforma e críticas:

Durante a sessão ordinária da Dieta de 2025, foi aprovada uma revisão na Lei de Educação Escolar, criando o cargo de “professor supervisor”, uma função de gerência intermediária para coordenação pedagógica e orientação de docentes mais jovens. O modelo pode ser adotado a critério de prefeituras e cidades designadas por decreto.

Representantes do Sindicato de Professores e Funcionários do Japão e outros explicam os resultados de uma pesquisa online sobre trabalho de fim de semana e tarefas para levar para casa, no bairro de Chiyoda, em Tóquio, em 8 de setembro de 2025. (Imagem via Mainichi/Buntaro Saito)

A Zenkyo comparou os dados de Tóquio, que já possui um sistema semelhante de “professor chefe”, com outras regiões. A capital apresentou maior incidência de horas extras em casa e fins de semana mais sobrecarregados.

Reivindicações do sindicato:

Um representante da Zenkyo afirmou que a criação de cargos intermediários não resolve a raiz do problema:

“A introdução de professores responsáveis ​​não tornará necessariamente o trabalho mais eficiente. O governo deve aumentar o número de professores, promover turmas menores e reduzir a carga horária por professor. O estado deve assumir a responsabilidade de aumentar os orçamentos para a educação e melhorar as condições educacionais.”

A pesquisa reforça a urgência de investimentos estruturais, revisão das leis trabalhistas aplicadas à educação e valorização da carreira docente, especialmente diante do risco de karoshi (morte por excesso de trabalho) e da falta de novos profissionais interessados em seguir na área.

Com informações via Japan Press e Mainichi Shimbun