Diretor de escola em Saitama falsificou relatório sobre caso de bullying que levou aluna a abandonar as aulas

Reinvestigação concluiu que o diretor inventou informações em documento oficial e falhou em proteger a estudante, diagnosticada com transtorno de estresse pós-traumático.

Um relatório de reinvestigação divulgado pelo governo municipal de Ageo, na cidade japonesa de Saitama, revelou que o diretor de uma escola de ensino fundamental fez declarações falsas em um relatório inicial sobre um caso de bullying grave, ocorrido em 2022, que levou uma aluna a parar de frequentar as aulas.

A estudante, uma jovem do terceiro ano, havia sido agredida física e psicologicamente por um colega. Segundo o relatório, o aluno chegou a dar socos no abdômen da vítima, seguí-la até em casa e enviar mensagens obscenas pelo celular. Em maio de 2022, ele também obrigou outro estudante a bater nela enquanto dizia: “Se formos em grupo, posso bater o quanto quiser.”

Assustada, a garota deixou de frequentar a escola e foi diagnosticada com transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). O agressor admitiu os fatos e se afastou temporariamente das aulas. Após as férias de verão, a vítima tentou voltar a estudar, frequentando apenas a enfermaria escolar, mas voltou a se ausentar quando o agressor retornou à escola em outubro daquele ano.

Falsificação no relatório escolar

De acordo com o comitê de reinvestigação, o relatório original elaborado pela escola em outubro de 2022 afirmava que um comitê interno de investigação, formado por professores e um conselheiro, havia sido criado em agosto.
Contudo, verificou-se que esse comitê nunca existiu e que o conselheiro só soube da gravidade do caso em setembro.

O novo relatório concluiu que as informações falsas foram inventadas pelo diretor, sem qualquer discussão ou aprovação interna. O documento também critica duramente a decisão da direção e do conselho municipal de educação de permitir o retorno do aluno agressor, classificando a medida como “extremamente inadequada” por não garantir segurança e condições para a aluna continuar seus estudos.

Medidas e reações

O relatório foi entregue ao prefeito de Ageo, Minoru Hatakeyama, no dia 27 de outubro. Três dias depois, ele pediu ao conselho de educação que adotasse medidas rigorosas para evitar novos casos e reforçar o acompanhamento das vítimas de bullying.

Os representantes da aluna pediram punição aos responsáveis, acusando os envolvidos de violação da lei e falsificação de documento público.

O caso reacendeu o debate sobre a responsabilidade das escolas japonesas na prevenção e transparência em incidentes de bullying, um problema persistente no sistema educacional do país.