Escândalo no Manga Koshien 2025: Obra vencedora é desclassificada por semelhança com arte da internet

Vencedor do Manga Koshien 2025 é desclassificado após obra ser apontada como cópia da internet. Caso levanta debate sobre originalidade na era digital.

A desclassificação da obra vencedora na 34ª Competição Nacional de Mangá do Ensino Médio (conhecida como Manga Koshien), realizada no Japão em 2025, gerou um intenso debate sobre como definir liberdade de expressão e originalidade em uma era dominada pela internet.

O incidente chamou a atenção para questões de direitos autorais e as responsabilidades dos organizadores ao supervisionar concursos criativos para estudantes.

O Incidente: “Camuflagem” e a Internet

O Manga Koshien é um evento anual de prestígio, sediado na província de Kochi, que reúne equipes de estudantes do ensino médio (incluindo escolas internacionais da Coreia do Sul e Singapura) para criar um mangá de uma página baseado em um tema.

  • O Concurso: Na 34ª edição, os temas foram “A” (primeiro dia) e “Camuflagem” (segundo dia).
  • A Denúncia: Logo após a publicação dos resultados online, os organizadores receberam comentários sugerindo que o mangá premiado com o troféu principal assemelhava-se muito a uma obra previamente postada na internet.
  • A Decisão: Uma revisão subsequente confirmou a semelhança. Como as regras exigem que apenas obras inéditas sejam elegíveis, a entrada vencedora foi desclassificada.

Reações e o Desafio da Era Digital

A decisão destacou a dificuldade de monitorar a originalidade quando criações estudantis podem, rápida e até não intencionalmente, ecoar trabalhos que circulam online.

Aooni Yamane, artista de mangá profissional e chefe do comitê de julgamento, expressou surpresa:

“Embora tivéssemos previsto que tal problema pudesse ocorrer em uma época em que a informação está em toda parte, o processo de triagem preliminar deveria ter sido conduzido com mais cuidado.”

Yamane observou que o ritmo acelerado do concurso, onde os resultados são anunciados no mesmo dia, limita drasticamente o tempo para verificações de plágio. O Governador de Kochi, Seiji Hamada, também se pronunciou, afirmando levar a sério o fato de que a violação não foi identificada antecipadamente.

Medidas Futuras e Debate sobre Criatividade

Para evitar novos casos, os organizadores discutiram contramedidas em setembro, incluindo:

  • Exibição de vídeos sobre direitos autorais e originalidade para os alunos antes da competição.
  • Designação de equipe específica para verificar semelhanças com obras existentes durante o evento.

Especialistas, no entanto, alertam para a complexidade do tema. Enquanto juristas defendem uma análise mais rigorosa, críticos de mangá como Haruyuki Nakano alertam contra restringir demais a expressão: “O mangá como meio é sempre inspirado pelo que veio antes. Se até pequenas semelhanças forem tratadas como violações, o escopo da expressão só diminuirá.”

Apesar da polêmica, Yamane mantém o otimismo sobre a criatividade da geração jovem, esperando que continuem a refinar suas habilidades e a energizar a cultura do mangá.

Com informações via Mainichi Shimbun