Crise global de chips de memória atinge níveis “Macroeconômicos” e dispara preços de IA

A escassez de chips DRAM e HBM fez os preços dobrarem em alguns segmentos. Gigantes como Google e Microsoft estão “implorando por suprimentos”, e varejistas japoneses limitam compras.

A escassez aguda e crescente de chips de memória transformou-se em uma crise global que força empresas de Inteligência Artificial (IA) e fabricantes de eletrônicos a uma disputa feroz por suprimentos cada vez menores. Os preços dos componentes essenciais de armazenamento de dados dispararam, com aumentos de mais de dobro em alguns segmentos desde fevereiro de 2025, segundo a TrendForce.

A crise ameaça não apenas a produção de smartphones e PCs, mas também o futuro da IA. “A escassez de memória agora se graduou de uma preocupação em nível de componente para um risco macroeconômico”, afirmou Sanchit Vir Gogia, CEO da Greyhound Research.

A Colisão entre a IA e a Cadeia de Suprimentos

A voracidade por infraestrutura de IA, impulsionada por empresas como Nvidia, Google e Microsoft, criou um problema duplo para o mercado:

  1. HBM (High-Bandwidth Memory): Os fabricantes não conseguem produzir HBM de ponta (usado em chips de IA) em quantidade suficiente.
  2. Memória Convencional (DRAM/Flash): O foco dos fabricantes na produção HBM, de maior margem, sufocou o fornecimento de chips tradicionais para smartphones, PCs e eletrônicos de consumo.

A escassez fez com que o inventário médio de DRAM nos fornecedores caísse drasticamente: de 13 a 17 semanas no final de 2024, para apenas duas a quatro semanas em outubro de 2025.

Cenário Extremo de Demanda:

  • SK Hynix: O CEO Chey Tae-won revelou que a OpenAI, por exemplo, assinou acordos iniciais para o projeto “Stargate” que exigiria 900.000 wafers por mês até 2029 – o dobro da produção global mensal atual de HBM.
  • Pedidos Abertos: Fontes disseram à Reuters que Google, Amazon, Microsoft e Meta pediram ordens em aberto à Micron, se comprometendo a aceitar o máximo que puderem entregar, independentemente do preço.

Impacto no Consumo e Reação Global

O efeito cascata já é sentido em diferentes mercados:

  • Japão: Lojas de eletrônicos no centro de Akihabara, Tóquio, começaram a limitar as compras de HDDs, SSDs e memória de sistema para evitar estocagem. Produtos como memória DDR5 de 32 GB, que custavam cerca de ¥ 17.000 em meados de outubro, subiram para mais de ¥ 47.000.
  • China: Fabricantes de smartphones como Xiaomi e Realme alertaram que terão que aumentar os preços dos aparelhos. O CMO da Realme India, Francis Wong, disse que os custos de memória podem forçar um aumento de 20% a 30% nos preços dos celulares até junho de 2026.
  • Negociação: Empresas chinesas como Alibaba, ByteDance e Tencent enviaram executivos em outubro e novembro para se reunir com Samsung e SK Hynix para negociar alocações. “Todo mundo está implorando por suprimentos”, disse uma fonte.

Analistas preveem que a alta de preços da memória avançada e legada pode chegar a 30% até o final do quarto trimestre, e possivelmente mais 20% no início de 2026. A SK Hynix já informou a analistas que o déficit de memória deve durar até o final de 2027.

Com informações via Asahi Shimbun