Coqueluche avança no Japão com cepas resistentes e causa morte de bebê

Doença infecciosa com tosse intensa afeta principalmente crianças; bebê de 1 mês morre em Tóquio e médicos pedem vacinação urgente.

Um surto de coqueluche (tosse comprida) tem preocupado autoridades de saúde no Japão, com mais de 4.100 casos registrados neste ano, número que já supera o total de todo o ano passado. O mais alarmante: estão sendo detectadas em várias regiões cepas resistentes aos antibióticos tradicionalmente usados no tratamento.

A coqueluche é uma infecção bacteriana altamente contagiosa que causa fortes crises de tosse. Embora possa ser tratada em adultos e crianças mais velhas, em bebês a doença pode ser fatal. E foi justamente isso que ocorreu no Centro Médico Pediátrico Metropolitano de Tóquio, onde um recém-nascido de apenas 1 mês não resistiu à doença após ser infectado por uma bactéria resistente.

O hospital relatou que, entre novembro e agora, nove crianças foram diagnosticadas com coqueluche, sendo quatro internadas, incluindo o bebê que faleceu. Em exames realizados em seis dos pacientes, cinco apresentaram a bactéria resistente aos antibióticos normalmente usados contra a doença.

Outro bebê, de cerca de dois meses, também foi internado por duas semanas e sobreviveu. O pai da criança relatou à imprensa que os médicos suspeitam que o contágio tenha vindo de um dos irmãos mais velhos, que estava com tosse, mas sem febre — sintomas facilmente confundidos com um resfriado comum. “Só percebi a gravidade depois da internação. Se ele tivesse sido vacinado antes, talvez não tivesse se agravado tanto”, lamentou o pai.

O médico Yuho Horikoshi, diretor da seção de doenças infecciosas do hospital, alertou para o aumento dos casos com bactérias resistentes. Ele reforçou que a vacina contra a coqueluche faz parte do calendário regular de vacinação e segue sendo eficaz também contra essas cepas mais resistentes. “Assim que o bebê atingir a idade mínima para vacinação, os pais devem vacinar sem demora”, orientou. Ele ainda recomendou que, caso um bebê com menos de três meses apresente tosse forte e persistente, deve ser levado ao médico imediatamente.

Especialistas destacam que a coqueluche pode parecer um resfriado comum no início, o que dificulta o diagnóstico precoce e aumenta os riscos de transmissão e complicações.