Governo japonês mantém taxa de consumo em 8% para alimentos e 10% para demais itens, citando necessidade de financiar a seguridade social.
O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, não pretende reduzir a taxa do imposto sobre consumo para amenizar os impactos da inflação e das tarifas impostas pelos Estados Unidos, segundo fontes próximas ao governo. A decisão contraria pedidos da oposição e de alguns parlamentares do partido governista, especialmente em meio à proximidade das eleições nacionais.
Ishiba já comunicou sua posição a altos funcionários do governo, demonstrando preocupação de que um corte no imposto comprometeria o espaço fiscal do país, que enfrenta uma das maiores dívidas públicas entre as economias avançadas. Atualmente, o imposto sobre consumo é de 8% para alimentos e bebidas e 10% para outros produtos e serviços.
O secretário-chefe do Gabinete, Yoshimasa Hayashi, reforçou em entrevista que a receita do imposto é fundamental para financiar o sistema de seguridade social, que cobre despesas médicas e previdenciárias, e que uma redução não seria apropriada neste momento.
Apesar da resistência do Partido Liberal Democrata (PLD), seu parceiro na coalizão, o Komeito, tem sugerido a possibilidade de reduzir o imposto sobre alimentos para aliviar o custo de vida das famílias antes das eleições para a Câmara Alta, previstas para este verão. Ishiba, porém, enfatizou a necessidade de consultas cuidadosas com o partido.
A oposição, liderada pelo Partido Democrático Constitucional do Japão, defende a suspensão temporária do imposto sobre alimentos por um ano, argumentando que a pressão inflacionária e as tarifas americanas estão agravando a situação econômica das famílias.
No PLD, dezenas de parlamentares também pedem estímulos fiscais, incluindo a isenção permanente do imposto sobre alimentos e bebidas, mas a liderança do partido mantém cautela diante do risco fiscal.
O imposto sobre consumo no Japão foi elevado de 8% para 10% em 2019, com a promessa de que a arrecadação adicional seria destinada a cobrir os custos crescentes da seguridade social, especialmente diante do envelhecimento da população.
Com a economia pressionada pela inflação persistente e pelo impacto das tarifas comerciais, o governo planeja anunciar um pacote econômico antes das eleições, mas a redução do imposto sobre consumo não está entre as medidas previstas.